"Se Afogando num Copo de Água?"





Todos nós já experimentamos a péssima sensação de engasgar, quer seja com um pouquinho de água, ou um farelo de pão, ou até mesmo com a saliva. Não o suficiente, muitos já foram surpreendidos pelo incomodo episódio, de ter um liquido ingerido escapando pelo nariz.

O Engasgo na realidade é um mecanismo de defesa do organismo, que tenta “proteger” o sistema respiratório. Nosso Sistema Respiratório foi criado apenas para passagem de ar, quando nos engasgamos é porque algum intruso “tentou” visitar nosso Sistema Respiratório. Esses intrusos podem ser uma pequena quantidade de água, suco, refrigerante, um grão de arroz, um farelo, secreção, até mesmo um vírus ou bactéria. Na tentativa de expulsar os visitantes nada bem-vindos, o organismo dispara o engasgo, normalmente na forma de tosse, espirros e pigarros.

O Engasgo é algo comum e saudável, afinal é uma resposta de proteção do organismo. No entanto, quando o engasgo é muito frequente pode ser um sinal de que algo está errado! Engasgos frequentes podem indicar um quadro de Disfagia.

A Disfagia é o termo clínico usado para descrever os episódios de engasgos, normalmente evidenciados por tosses, espirros, dores torácicas, falta de ar e sensação de “bolo na garganta”. Não necessariamente o paciente apresentará todos esses sinais, sendo o mais comum deles a tosse.  

As causas da Disfagia são muitas, elas variam de causas emocionais, neurológicas, medicamentosa, tumorais e nutricionais. As causas emocionais incluem o estresse, um alto nível de ansiedade, e os quadros mais graves de depressão.


 
           As causas Neurológicas são as que mais provocam disfagia, podendo ser
observadas em sequelas de AVE (Acidente Vascular Encefálico), algumas doenças como Parkinson, Alzheimer e, outras que comprometem o Sistema Nervoso.

Algumas medicações também podem provocar a disfagia, principalmente aquelas usadas em quadros psiquiátricos e na quimioterapia. As causas tumorais incluem os tumores da laringe, esôfago, estômago, boca, língua, e outros. Finalmente, as causas nutricionais estão relacionadas as carências de algumas vitaminas, bem como a obesidade e sobrepeso, sendo estes fatores que agravam a disfagia.

O que preocupa os especialistas nas disfagias são as complicações: físicas, emocionais e nutricionais. Pacientes disfágicos podem com facilidade desenvolver pneumonias e outras infecções respiratórias, que são em muitos casos fatais. Além das complicações físicas, nota-se em muitos pacientes angústia, tristeza e isolamento, o que confirmam os prejuízos emocionais. Em virtude dos engasgos, surge o medo de comer e /ou beber, podendo gerar assim prejuízos vitamínicos consideráveis.

Apesar de um quadro complexo, a Disfagia pode ser tratada. E dependendo da causa, pode desaparecer completamente. O tratamento da disfagia varia de acordo com a causa! Na maioria dos casos o tratamento é feito por uma equipe com vários especialistas, como por exemplo, neurologistas, otorrinolaringologista, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, oncologistas.

Atualmente algumas abordagens Fonoaudiológicas podem reduzir em até 94%¹ os engasgos, reabilitando o paciente disfágico. Vale ressaltar a importância dos exames complementares e a participação e colaboração da família e da sociedade.


Então, se você apresenta engasgos com muita frequência, ou conhece alguém assim, procure um especialista em Disfagia, afinal, comer e beber devem ser prazer e não tortura.

 Dr. Bruno Dutra
Fonoaudiólogo CTEC